EDITORIAL — 10 anos de informação independente e de puro prazer
Há dez anos, a noite foi passada em branco e só lá para o fim da tarde, um novo jornal veria a luz do dia no concelho de Mafra.
Foi um parto difícil. Depois vieram tempos de aprendizagem, de muito prazer e também de algumas frustrações. No fundo, passámos por todas as fases a que todos os bons caminhos acabam por proporcionar a quem tem a coragem de dar o passo inicial, e consegue depois manter-se no balanço.
Os primeiros anos foram de aprendizagem. Era um caminho novo, não conhecíamos as pedras que nos aguardavam pelo caminho, nem dominávamos as melhores técnicas para as contornar ou para as dinamitar. Alguns nos plantaram pedras pelo caminho e em algumas tropeçámos, mas acabámos sempre por nos levantar e retomar o trabalho e o caminho sem nunca perder o prazer na jornada.
O Jornal de Mafra nunca foi um projeto empresarial. Se o tivesse sido, teríamos há muito morrido de fome. Muitas portas se fecharam à nossa passagem, algumas portas entreabriram-se e por algumas portas, com voz doce, nos convidaram a entrar na esperança de nos tornar o caminho tortuoso.
O Jornal de Mafra nunca foi um projeto empresarial. Talvez por isso, até os escolhos nos tenham dado prazer, embora mais prazer nos tenha dado, e ainda dê, o dia a dia de fazer um jornal diferente de todos os que já desenvolviam, e ainda desenvolvem, atividade no concelho de Mafra.
Contam-se pelos dedos de uma mão, as empresas do concelho que nos deram publicidade. Sentimo-nos rodeados por um cordão sanitário, algo que, no início, nos causava alguma revolta, mas que com o tempo se transformou em razão orgulho, por vezes de risotaà medida que as audiências do JM iam crescendo até se tornar, de longe, o órgão de comunicação social com maior audiência no concelho de Mafra.
Foram 10 anos muito bem vividos, mas que, de facto, só o foram pelo facto de o Jornal de Mafra nunca ter sido um projeto empresarial. Por isso, pudemos seguir um caminho de independência, de rebeldia, de constante indagar e de inovação. Este caminho seria uma trilha impossível, se tivéssemos de mendigar dinheiro público e se tivéssemos de viver à sombra de poderes há muito instalados, para conseguir publicidade, ou pior, se tivéssemos de calar, para assegurar o bem-estar do dia a dia.
Não nos fica bem, eu sei, mas a verdade é esta: estamos orgulhosos do caminho que fizemos e fazemos com muito prazer. Cereja no topo do bolo? O sucesso deste projeto que agora faz 10 anos, o sucesso representado pelos muitos milhares de leitores, que no concelho, na região, no país e em muitos países onde há mafrenses, diariamente confiam no nosso trabalho e nos transformaram no órgão de comunicação social com maior audiência do concelho de Mafra.
Muito obrigado a todos, incluindo aqueles, poucos, que pelas dificuldades que nos colocaram, acabaram também por nos impulsionar a ir mais longe.
Paulo Quintela
Director do Jornal de Mafra
